Dias atrás, em certo domingo de sol, estive no campo do
Campanário, em Diadema, onde moro e num passado nem tão distante defendia as
cores do meu querido Benfica, time de várzea que lá pelas décadas de 1980 e
1990 era um dos times, senão o melhor, um dos melhores da região quiçá da
várzea paulistana.
Lá encontrei o Petrucio, que foi e ainda é técnico deste
time saudoso de grandes glórias pelos campos “varzeanos” de outrora.
Os tempos são outros, pois acontecia ali, naquele domingo, um
jogo sem muitas emoções, como um bate bola qualquer, um “rachinha” ou um “contra”,
rua contra rua, vila contra vila. Mas se tratava de uma disputa de festival
onde a equipe vencedora ergueria o troféu em disputa, mas nem isso parecia
estar em jogo tal era a “sonolência” em campo, além da ausência de pessoas a
apreciar o “espetáculo”. Dava-se para contar nos dedos das mãos o contingente à
beira do alambrado (Pois é, hoje tem até alambrado e a noite iluminada por
refletores).
Ah, sou saudoso sim, e quem não é? Em outros domingos era
difícil até de se conseguir um espaço entre as pessoas para ver um jogo num
festival. Com chuva, frio ou sol. Embora forem outros tempos o futebol ainda é
nossa paixão, independente de qualquer diferença, seja ela social, de gênero,
ou de idade.
Ocorre que quando um evento desta magnitude acontecia, pois
era mesmo um grande evento o festival de futebol aos domingos, o torcedor se
fazia presente, mesmo sem ter um time de preferência na disputa, ele com o
passar do jogo se simpatizava com um e deixava expresso em seus comentários, em
sua emoção, seus gritos, chingamentos ao juiz ou a algum “atleta”
Geralmente um festival começava pela manhã e o time que era
mandante da festa jogava os últimos jogos com um time convidado, que na maioria
das vezes era tão bom quanto o time anfitrião. A essa partida de encerramento
se dava o nome de “festeiro”, ou seja, eram festeiros os times que disputariam
o último e melhor troféu do dia.
Eram torcedores chegando à pé, quando vindo de outros
lugares, vinham de Kombi, na carroceria de caminhões, de ônibus e até na
caçamba basculante a fim de prestigiar seu time da vila ou de sua simpatia, ou torcer
contra caso o time local não fosse de sua simpatia. O que não diferia era a
alegria e o calor da torcida, animada pelos batuques dos “surdos”, repiques,
pandeiros, reco-reco e agogôs cantando as canções da época ou mais antigas,
cujo a “saideira” preferida era Trem das onze, de Adoniran Barbosa: “Não posso
ficar nem mais um minuto com você...”
Eu fiquei, na minha lembrança, em minha saudade...