O carnaval sempre esteve associado ao futebol. Lembro que quando criança, na beira dos campos de várzea sempre havia o batuque a acompanhar e dar ritmo aos jogos e àqueles que acompanhavam a peleja. Naquela época isso era comum praticamente em todos os jogos o ano inteiro, e não só na várzea, mas também nos jogos dos times profissionais, a arquibancada tremia ao rufar dos tambores. Na várzea esse hábito foi se extinguindo, algumas vezes ouviam-se os sons dos tamborins nos festivais, mas hoje é raro ver um pandeiro, um reco-reco, uma cuíca e até um repique à beira do campo.
O vínculo era tanto que os gols da rodada sempre eram reprisados ao som de uma bela batucada. O que dava mais emoção às imagens, mesmo que o gol não fosse tão bonito assim, como dizia o refrão – “Que bonito é, as bandeiras tremulando, a torcida delirando vendo a rede balançar”.
Os “gringos” acreditavam – creio que ainda acreditem – que intimidade dos brasileiros com a bola nos pés tinha relação com a ginga do samba. Nessa época a maioria dos “boleiros” deixa a rivalidade nos campos de lado e se encontram na “avenida”, hoje sambódromos, nos desfiles carnavalescos para defenderem com samba no pé por vezes a mesma escola de samba.
Sem contar com as torcidas organizadas que saíram das arquibancadas dos estádios para também competirem na “avenida” como escolas de samba, cada qual defendendo seu clube de futebol de origem.
Como bem disse o samba enredo da Beija-Flor em 1986:
"Brasil, Brasil, Brasil, oi
Canta forte e explode de alegria
O mundo é uma bola
Girando girando
Em plena euforia
Levando a corrente
Pra frente, pra frente
E a vitória conquistar
Com os heróis da nossa seleção
Vibrantes com o grito popular
Tudo em cima novamente
Sobrevoando a passarela
Que beleza a Beija-Flor
Sacudindo esta galera
Do Oiapóque ao Arroio Chuí
Tem folclore, tem mandinga
Oh! Torcida campeã
O meu Rio de Janeiro
O ano inteiro é samba e Maracanã
Se esta profusão de cores
Sensibiliza o visual
A arte é jogar bola
Vai na Copa e faz um carnaval
É milenar, é milenar
A invenção do futebol
Fez o artista
Ter um sonho triunfal"
E nós aqui no Sábado sem fim, vez ou outra cantarolamos uns sambinhas acompanhados de dois outros ítens que não podem faltar nem no meio do samba nem do futebol, churrasco e cerveja!
Sérgio
15 de fevereiro de 2012.
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Um comentário:
Pena que os nossos representantes "futebolisticos" esqueceram que futebol é alegria e não apenas retorno financeiro, poucos jogam por gostar de "petecar" a gorduchinha e muitos sem ter ao menos intimidade com a mesma se sentem no direito de cobrar fortunas para nos envergonhar com ridículas apresentações, por isso sou grato quando surge um NEYMAR, pois mesmo que vise o dinheiro quando entra em campo você consegue diferenciar a vontade de jogar o prazer dos demais que estão apenas trabalhando... Essa ginga que você comenta existe e não tem como esconder, quando se entra em campo os "abençoados" não conseguem segurar-se e suas pernas tomam vida própria... Boa Serjão...
abs
Chande
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